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Foto: www.diariodepernambuco.com.br 

 

BETO ACIOLI

( BRASIL – PERNAMBUCO )

 

Olinda - Pernambuco – Brasil
Participou de várias antologias, dentre elas “Por detrás da cortina...”,
“Dois corações... E uma só batida”, “À deriva” e “Folhas em branco”, todas pelo Grupo Editorial Beco dos Poetas e Escritores LTDA.
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ANTOLOGIA LITERÁRIA CIDADE  - VOLUME 8.  Belém: ORG. Abilio Pacheco. Deurilene Sousa.  Belém: LiteraCidade, 2012.  112 p.
ISBN 978-85-64488-07-6             Ex. biblioteca de Antonio Miranda

 

Restos de mim

Descendo até o último degrau do meu interior
Posso ver todas as setas que transfixaram minha alma
Sei porque verti mil rios de lágrimas
Sei por que minguei até o que estou
Hoje sou o reflexo, o resto do que fui
A dor de não saber o que sou

Não sei quais são meus trilhos nem pra onde irão
Não sei o quanto mais terei que morrer
Não mais o que fazer pra que atinja a perfeição
Sinto que quanto em mais resto eu me torno
Minha alma voa alto e só ganho em ascensão 

Quero morrer a cada dia até que não mais exista
Até que o pouco reto finde, até que seja só alma
Até que o ar não mais sinta preenchendo meus pulmões
Quero só ser um bom fluído, esquecer o que foi vida
Ocupar lugar no eterno, esquecer o que foi inferno
Jamais tornar a este mundo de penitências e provações

Distante do real 

Vejo-me, não obstante
Desligado do passado
Distante do meu presente

Ansiando alcançar o futuro
Despercebo o que é recente
Vivendo o sempre no escuro

Dou passos à minha frente
Pra que me sinta seguro
Entrevendo o que é evidente

Pressinto o quanto é duro
Estar perdido e plangente
Temendo o obscuro
E com a fé decadente

Cada vez mais imaturo
Nadando contra a corrente
Sem nunca chegar ao futuro

Torno-me indiferente
Derivando do meu curso
Cegando para o existente.


Incontinente

Sob as finas vestes vejo
O nu realçado em teu corpo
Meus olhos famintos despem-te
Em transparentes desejos
Cobiço teu corpo inteiro
Viajando em meus devaneios

Vivo sonhos, fantasias
Toco teus frondosos seios
Sinto o gosto da tua pele
Da tua seiva me sustendo
Sinto teu corpo tremendo
E o mundo inteiro inerte

E tuas pernas num amplexo
Fazem a minha vontade
Meu sangue viril fervendo
Pulsando ao encontrar teu sexo

Inebrio-me de ti, deidade
Sem ter de mim piedade
Exploro sem fim os teus conchavos
Também todos teus convexos

E assim de prazer me farto
Mas não me faço desconexo
Breve prazer não descarto

Maravilhado e perplexo
Indolente e estupefato
Condicionado ao reflexo


Eu reverso

Meu reverso revela um universo de medo
Angústias e paranóias se afloram
Sofro em segredo...
Quem vê meu sorriso aberto, decerto
Mal percebem minha aflição
O vácuo dentro de mim, o estreito do coração

Crises e transes que surtam
Tropedeiam minha mente
E leva o corpo à indolência

Tristezas que me perturba
Ou que repousam latentes
Questiona a minha existência
Remete-me à inconsciência
Faz-me um ser diferente


*

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Página publicada em março de 2024

 

 

 
 
 
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